04/06/2018 - 8h
ARTIGO – As lições deixadas pela paralisação nacional dos caminhoneiros
Por Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos

A produção de proteína animal brasileira vive um de seus piores momentos da história. Produtores, agroindústrias e a economia brasileira de forma geral amarga os prejuízos deixados pela “Operação Carne Fraca”, deflagrada em 2017, e pela “Operação Trapaça”, desencadeada neste ano. Mas nada pode ser comparado com a paralisação nacional dos caminhoneiros.

 

Além de impossibilitar o escoamento da produção, seja no mercado nacional ou internacional, todo o nosso plantel de animais correu o risco morrer por falta de insumos nas propriedades. O status sanitário diferenciado de Santa Catarina, construído ao longo de várias décadas, quase foi jogado fora na última semana. Isso sem mensurar os graves danos ambientais com a alta mortandade de aves e suínos caso a situação se estendesse por mais alguns dias. 

 

Em Santa Catarina a ACCS esteve em constante diálogo com os grevistas para conseguir liberar caminhões carregados com os insumos necessários para a produção da ração animal. Em diversos momentos passamos por situações constrangedoras, já que o movimento não apresentou um interlocutor específico.

 

Assim como diversas entidades e associações, a ACCS apoiou a mobilização encabeçada pelos caminhoneiros. Entendemos que os transportadores precisam de um preço justo para trabalhar, principalmente no óleo diesel, mas,  a partir do momento em que o as negociações com o governo federal avançaram – e atendidas na grande maioria –, defendemos o fim da mobilização.

 

A paralisação nacional dos caminhoneiros evidenciou que todos os governos da história do Brasil erraram ao não investir em outros meios de transportes da nossa produção que não seja o rodoviário. O caos vivido nos últimos dias serve de lição para que as nossas lideranças coloquem em prática ações que visem a instalação de uma malha ferroviária no Brasil. Essa é uma forma rápida, segura e com custos reduzidos utilizados por países de primeiro mundo e que manterá a competitividade brasileira frente aos mercados internacionais. 

 

A fragilidade dos políticos, seja em âmbito federal ou de Santa Catarina, também ficou evidenciada com a demora para dar resposta à classe dos transportadores e para a sociedade. Subestimar que a mobilização poderia ganhar grandes proporções foi outro erro fatal, que resultou na morte de mais de 70 milhões de aves, e que reflete em prejuízos para outros setores do agronegócio.

 

Uma intervenção militar não é o caminho certo para que o Brasil volte para o trilho do desenvolvimento, mas a população precisa escolher corretamente os seus representantes nas eleições, em outubro. O povo do nosso agronegócio precisa observar quem realmente apoia o setor para que possamos ter os nossos representantes políticos na defesa desta importante atividade, o agronegócio.

 

Os produtores e as agroindústrias fazem a economia nacional crescer, mas sem representantes políticos competentes, ficamos à mercê de situações que coloquem todo o nosso esforço em vão. É por essa razão que os suinocultores de Santa Catarina, representados pela ACCS, defendem a participação de pessoas íntegras no pleito eleitoral, que deixem de lado as bandeiras partidárias, que não subestimem a capacidade de mobilização do povo e que tenham um projeto de reconstrução da nação.



Impresso em: 20/04/2024 às 03:11


ACCS - Associação Catarinense de Criadores de Suínos